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19 fevereiro 2010

CBN - A rádio que toca notícia - Max Gehringer

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29 novembro 2008

22/11/2008 - Álbum de Fotos - UOL Notícias

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13 janeiro 2008

IGREJA COMUNIDADE TERAPEUTICA

Por um modelo voltado para a integralidade e o crescimento do ser humano

INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios que temos pela frente é viver bem nesta sociedade denominada pelos estudiosos de pós-moderna. Algumas de suas características peculiares como competitividade, consumismo, utilitarismo, agressividade, perda de valores absolutos, relativização da verdade, etc., têm gerado indivíduos enfermos do ponto de vista da alma e dos relacionamentos.
Somos uma sociedade enferma. Que desaprendeu a amar, que estabeleceu a desconfiança como condição "sine qua non" na relação pessoal, que não sabe mais desenvolver relacionamentos saudáveis e profundos, que vive deprimida e angustiada, que perdeu a dimensão da comunidade e solidariedade, dando lugar a um estilo de vida egoísta, que não sabe mais construir pontes de comunicação que levem ao encontro do outro para a celebração da vida em verdade e em amor.
A igreja na sociedade pós-moderna também está enferma. Na ânsia de crescer numérica e financeiramente começou a priorizar os grandes projetos e as realizações de mega eventos, deixando de lado a importância dos relacionamentos. Tornou-se uma igreja realizadora, mas pouco relacional.
Como conseqüência, suas reuniões tornaram-se superficiais, sendo mais uma oportunidade para consumo de artigos religiosos e menos oportunidade para relacionamentos que possam curar as feridas e gerar vida em abundância.
As manifestações solidárias do Corpo de Cristo que expressavam preocupação pelo outro deram lugar à busca egoísta pelas bênçãos especiais e imediatas, as quais normalmente são entendidas como bem estar emocional e prosperidade material.
De um modo geral as igrejas perderam a visão de sua vocação como comunidade terapêutica. Deixaram de desenvolver programas que priorizem e facilitem relacionamentos, que ajudam no desenvolvimento da potencialidade de seus membros, que busquem a integralidade de cada um.
É justamente sob esta preocupação que fomos motivados a escrever este trabalho. Depois de onze anos no pastorado é mais forte ainda a convicção de que as igrejas relevantes deste século serão aquelas que tiverem como filosofia de ministério o objetivo de se desenvolverem como comunidade terapêutica, como parte de sua missão integral. Igrejas relacionais farão a diferença nesta geração.
O propósito deste trabalho é oferecer uma reflexão sobre a vocação terapêutica da igreja, a partir da necessidade de saúde integral de todo ser humano.
Procuraremos mostrar que as conseqüências da desintegração/separação impostas ao ser humano a partir da queda pode ser restaurada à medida que a igreja desenvolve programas que enriqueçam os relacionamentos e promovam cura.
Veremos que o ministério de Jesus foi um ministério de sanidade, à medida que promovia cura e salvação ao mesmo tempo, restaurando indivíduos em sua integralidade.
Finalmente, e esta talvez seja a parte mais importante deste trabalho, iremos refletir sobre o papel do pastor na transformação de uma igreja local em comunidade terapêutica. Veremos a relevância do ministério pastoral equipando a igreja para a sua missão de gerar cura para a nossa sociedade pós-moderna.
Esperamos que este trabalho de caráter essencialmente prático possa encorajar e ajudar outros a desenvolverem uma filosofia de ministério que priorize a igreja como comunidade do relacionamento.

2 – QUEM SOMOS NÓS – UM PERFIL DA NOSSA SOCIEDADE
A nossa sociedade pós-moderna apresenta muitos desafios para o ser humano neste novo século.
As características de uma sociedade utilitarista e acumuladora de bens têm levado indivíduos e famílias inteiras a fazer novas opções de valores, prioridades e estilo de vida. Não só isso, mas também a uma série de conseqüências que atingem diretamente a vida humana.
Gostaríamos de tentar traçar um perfil da sociedade em que vivemos e, conseqüentemente, daqueles que fazer parte da comunidade cristã, denominada igreja.
Solidão: As pessoas vivem sós no contexto urbano atual. Muitas têm imensa dificuldade em compartilhar suas vidas, temores e angústias. Apesar de necessitarem e até desejarem relacionamentos profundos, não conseguem romper com as barreiras e ir ao encontro do outro.
Permanecem assim como uma ilha, mesmo em meio a um sem número de pessoas. Buscam resolver sozinhas seus próprios conflitos e tentam satisfazer a si próprios.
O problema é que sozinho o indivíduo se torna mais vulnerável, fragilizado e na busca por satisfação pessoal ele encontrará mais angústia.
Numa era tecnológica como a que estamos vivendo, de rápida e fácil comunicação com o mundo, as pessoas ainda vivem o drama de se sentirem solitárias.
Competição: Nossa sociedade assumidamente capitalista e consumista tem gerado um conceito utilitarista das pessoas, fazendo-as crer que só terão valor se possuírem bens e estiverem participando da produção de outros bens.
O valor passa a ser no que se tem e não no que se é como pessoa.
Em função disso, as pessoas se tornam altamente competitivas, desconfiadas em seus relacionamentos, vendo o outro como franco adversário.
Logicamente, tal postura levou o ser humano a um isolamento planejado e destruidor, gerando um estilo egoísta de viver somado à atitudes nada humanas do ponto de vista da bondade e da generosidade para com o outro.
Descartabilidade: Numa sociedade consumista as pessoas se tornam descartáveis à medida que não conseguem produzir bens como antes. Tornam-se inaptas para o grande mercado.
A idéia da descartabilidade gera um sentimento de desvalor e inutilidade existencial, o qual desemboca em angústias, depressões e outras enfermidades da alma.
Nesse ponto, a maior necessidade do indivíduo é sentir-se capacitado e qualificado para viver com propósitos, desenvolvendo relacionamentos significativos.
Padrões errados de comportamento: Não é raro encontrarmos no aconselhamento pastoral pessoas honestas que lutam contra padrões inadequados de comportamento que adquiriram na infância por modelos ruins, os quais desembocam em alguns desvios, como práticas sexuais distorcidas, no hábito de mentir, dificuldade de desenvolver relacionamentos profundos e saudáveis, dificuldade em amar e ser amado, vícios, reações extremamente negativas, temperamento de difícil convivência, caráter falho, etc.
São as enfermidades que muitos tentam esconder ou racionalizar como se fosse algo normal.
Traumas interiores: Pessoas que não foram amadas quando pequenas, sentimentos de rejeição, crítica excessiva por parte dos pais, disciplina violenta, abuso sexual, lares desajustados, são algumas das situações que fazem as pessoas se sentirem presas a um passado triste e opressor, que as paralisa, bloqueando todo seu potencial de crescimento.
Tais pessoas gastam grande parte do seu tempo e energia tentando administrar seus traumas interiores, ficando assim sem energia para buscar o crescimento pessoal.
Medos/Temores/Ansiedade: Vivemos no século da ansiedade e de todos os tipos de medo.
Nunca se consumiu tantos tranqüilizantes como antes, mesmo entre a população mais jovem.
É grande o número de pessoas que precisam lidar diariamente com seus medos e inseguranças, desde os mais simples e insignificantes até aqueles mais assustadores. O medo da morte, do desemprego, da doença, da perda da família, de ficar sem dinheiro, de ser assaltado, de ser rejeitado, são alguns exemplos de medos que tomam conta da nossa sociedade hoje.
Desintegração familiar: Já é sabido que a família não desempenha mais um papel central em nossa sociedade e nem é vista com a mesma importância de antes.
Isso não diminui, no entanto, o caráter integrador da família na vida de qualquer pessoa, sendo a instituição que ensina limites, forma o caráter, gera o senso de pertencer, dá identidade e equilíbrio emocional ao indivíduo. Mas o que se vê, porém, são pessoas vivendo sob o mesmo teto, sem compartilhar suas vidas e seus sentimentos mais profundos.
Poderíamos destacar ainda outras características da nossa sociedade pós-moderna e suas conseqüências para os nossos dias. No entanto, nosso objetivo é mostrar que as características acima apresentadas são nada mais que expressões do pecado na vida humana, os quais por sua vez levam a uma desintegração do ser.
Para aprofundarmos esta questão tentaremos no próximo ponto definir alguns conceitos importantes do ponto de vista bíblico e teológico, a fim de enriquecer nossa reflexão.

3 – SAÚDE INTEGRAL: UMA ANÁLISE BÍBLICO-TEOLÓGICA
Ao tratarmos desse assunto, contamos com as anotações de Larry Crabb (1998, p.42) o qual faz uma análise teológica muito interessante. A partir da noção de pecado como resultado da separação, sugere o autor que existe na experiência humana a realidade de quatro separações: separação de Deus (problemas espirituais), separação dos outros seres humanos (problemas sociais e de relacionamentos interpessoais), separação da natureza (problemas ecológicos e físicos) e separação de si mesmo (problemas psicológicos).
Podemos dizer que os cristãos que vivem em comunidade tiveram resolvido o problema da primeira separação – a de Deus – no entanto ainda existem algumas a serem superadas.
A chave hermenêutica para entendermos este processo de enfermização do ser humano é justamente o cenário da queda. Entender esta questão, segundo Uriel Heckert, "é muito importante para entender-se a situação atual da humanidade e de cada um de nós. Está aí a raiz de toda ambivalência e inautenticidade que experimentamos". (1985, p.12).
A partir da queda de Adão e Eva um processo de desintegração tomou conta do ser humano. Até então ele vivia em perfeita harmonia com seu Criador, com o outro ser humano e consigo mesmo. Podemos dizer que ele gozava de saúde plena, já que havia esta integração completa entre criatura-Criador, criatura-criatura, criatura-natureza.
O Dr. Zandrino nos diz que tal integração era perfeita e perceptível na ausência dos dois principais sintomas de enfermidade: a dor – sintoma de enfermidade física e o medo – sintoma de enfermidade psíquica (1986, p. 31).
O pecado trouxe conseqüências desastrosas concretas para o ser humano. "A desobediência do primeiro homem trouxe como conseqüência morte espiritual ou separação de Deus, o que também inclui morte física, que por sua vez também está relacionada com enfermidade, dor e perda da vida" (op.cit., p.38).
A enfermidade tem uma relação direta de causa e efeito com o pecado, o qual agiu como fator de desestabilização do ser humano.
A opção do ser humano em buscar sua autonomia e tornar-se o centro do universo fez dele um ser rebelado, enquanto negava sua condição de dependência de Deus negava também a razão de sua própria existência. Abre-se então o caminho para o pecado e o ser humano passa a viver um estilo de vida errando continuamente o alvo para o qual foi criado: a plenitude da comunhão com Deus. Como conseqüência ele se vê agora separado do seu Criador, separado do outro, e em crise consigo mesmo.
Separado de Deus, do outro e de si mesmo, o ser humano se viu enfermado do ponto de vista de sua existência, do sentido e propósito de vida. Desse modo, estar vivo é experimentar diariamente a dor e o peso da enfermidade.
O plano redentor de Deus, por sua vez, objetiva trazer de volta o ser humano ao seu estado original de integridade. Tal plano de redenção que encontramos em toda a Palavra de Deus inclui, ora salvação, ora cura para as enfermidades físicas.
A saúde integral, portanto, tem a ver com a plenitude da vida humana, no nível individual e coletivo, nas ralações harmoniosas e amorosas com Deus, com outros e com a natureza.
Se alguém perguntasse a resposta de Deus ao pecado, a resposta seria: salvação e saúde. Se perguntasse a respeito da resposta de Deus à enfermidade, a resposta seria: salvação e saúde também!
O conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde é: "um estado de completo bem estar físico, mental e social".
No entanto, Uriel Heckert, citando Kingma, sugere um conceito cristão: "Saúde é um estado dinâmico de bem estar do indivíduo e da sociedade; um bem estar físico, mental, espiritual, econômico, político e social; em harmonia com os outros, com o meio ambiente e com Deus". (1985, pp.12-16).
Tal conceito amplia a idéia de saúde como algo que transcende a experiência humana individual e alcança uma dimensão coletiva, ecológica e espiritual.
É interessante quando analisamos alguns termos bíblicos relacionados, em sua raiz, à mesma idéia.
"Shalom" : expressa, além de ‘paz’, também ‘saúde’ num sentido bem amplo, ‘renovação espiritual’, ‘reabilitação social’.
Também a palavra "Soteria" – "salvação" no grego, pode indicar ‘totalidade da pessoa’, ou simplesmente ‘saúde’; ou seja, na soteriologia de Deus não está contemplada apenas a dimensão espiritual, senão também a totalidade do ser humano.
Como exemplo bíblico podemos citar a expressão "a tua fé te salvou", pronunciada por Jesus no evangelho de Lucas. A mesma aparece quatro vezes em Lucas: em 8:48 = mulher curada de hemorragia; em 17:19= a cura dos dez leprosos; em 18:42 = a cura da cegueira de Bartimeu; mas em 7:50 = perdão dos pecados da mulher.
Na verdade esta separação entre saúde e salvação que encontramos em nossa teologia é algo que faz parte apenas da nossa mentalidade ocidental, a qual adotou o dualismo grego da matéria e do espírito em sua filosofia e cosmovisão.
Para o médico e teólogo Anthony Allen o prejuízo desta opção é imenso, pois com isso "de uma só tacada tanto ‘saúde’ como ‘salvação’ deixaram de ter seu verdadeiro significado! Este dualismo prejudicou o cuidado integral da pessoa pelos serviços médicos. Também minou a missão declarada da espiritualidade em geral, e da igreja em particular, de proclamar e facilitar a verdadeira ‘salvação’ de pessoas." (1998, p.27).
Na prática, para a visão dualista ocidental os conceitos de pecado e salvação foram "espiritualizados e moralizados. A salvação foi relegada a um cenário forense ou judicial (...) salvação do pecado envolve nada mais do que arrependimento, perdão, punição vicária, transformação moral e a busca da perfeição moral (santidade)" (op.cit, p.29). Allen termina dizendo que "a salvação das escrituras é transformadora. Na bíblia, ser salvo significa ser transformado (...) cura é transformação total; então, salvação e cura são uma e a mesma coisa" (op.cit., p.30).
Da mesma forma, Jaques Ellul, citado por Ricardo Zandrino diz: "a cura é juntamente corporal e espiritual. Cura e salvação são conceitos associados com freqüência" (1986, p.38)
Saúde e salvação, portanto, são termos superpostos e paralelos na teologia bíblica da redenção. A teologia da salvação está certamente ligada à teologia da saúde!

02 dezembro 2007

AS DEZ MAIS

AS DEZ MAIS
Levantamento traz as carreiras em ascensão
Especialistas de 57 entidades traçam o mapa da mina
CÁSSIO AOQUIEDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E CARREIRAS

Ofertas de reserva pública de ações do Banco do Brasil e da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Realização da Copa de 2014 no Brasil. Investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Anúncio de descoberta de reservas de petróleo. Vendas recordes de automóveis no país. Embora pareçam desconexas, as notícias que foram destaques na mídia guardam pelo menos um elemento comum: todas favorecem o aquecimento da demanda por profissionais em diversos segmentos.Esse cenário já é traduzido em números. O IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou no mês passado que o crescimento do nível de emprego na indústria nacional foi o mais expressivo desde maio de 2004. No mesmo período, estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) indicou áreas estratégicas em que há falta de mão-de-obra no país.O frenesi não é, contudo, para todos. Além de ter qualificação acima da média -o que inclui especializações, fluência em idiomas e vivência no exterior-, é preciso estar na carreira ou no setor em ascensão. Com o intuito de desvendar onde estão as melhores oportunidades, a Folha ouviu 57 especialistas de 25 setores empresariais (veja lista à esquerda).Fizeram parte do levantamento consultorias de recursos humanos, centrais de estágios, universidades, institutos de pesquisa, órgãos governamentais, especialistas em negócios, associações de classe e empresas de grande porte. Para apontar as principais carreiras em destaque, os respondentes se basearam em cinco critérios: relação entre oferta e demanda de mão-de-obra; potencial de desenvolvimento do setor; atrativos da carreira; formação (disponibilidade de qualificação); e empregabilidade de recém-formados. No total, foram 362 menções -129 de exatas, 123 de humanas (com humanas aplicadas) e 110 de biológicas (com saúde e ambiente)- a 57 carreiras ou áreas de atuação (veja à dir.).Dessas, a Folha selecionou as dez profissões que mais se destacaram, além de outras dez que começam a chamar a atenção no mercado de trabalho.

AS DEZ MAIS

Administração financeira
Ciências biológicas
Direito
Carreiras em energia
Engenharia ambiental
Engenharia civil
Carreiras em entretenimento
Tecnologia da informação
Carreiras em terceira idade
Engenharia de transportes

Folha de S. Paulo de 02-12-07

12 julho 2005

Dízimo existiu como imposto no Brasil até 1889

DA REDAÇÃO
O dízimo é a décima parte da receita do fiel que é consagrada a Deus. O primeiro dízimo citado no Antigo Testamento é o pago por Abraão ao sacerdote Melquisedec (Gen. 14,20). Essa entrega de porções dos frutos da Terra ao Senhor foi transmitida ao catolicismo.No Brasil, o governo cobrava o dízimo e o repassava à Igreja. O imposto acabou em 1889, quando a República separou Estado e Igreja. O dízimo subsistiu sob a forma de oferendas voluntárias recolhidas num cesto, que recebiam o nome de espórtula.A cobrança é mais rigorosa nas igrejas pentecostais que adotam a chamada Teologia da Prosperidade, que vê na riqueza um sinal dos eleitos. Pesquisa de 1994 revelou que a Igreja Universal fazia a coleta mais eficiente, pois ela ensinava que os fiéis devem doar dízimos com base na renda que desejam receber.O dízimo não pode ser tributado. Segundo a Constituição, é vedado ao Estado instituir impostos sobre "templos de qualquer culto".
Folha de São Paulo de 12/07/05

04 julho 2005

Qual é o Problema? - Stephen Kanitz

Um dos maiores choques de minha vida foi na noite anterior ao meu primeiro dia de pós-graduação em administração. Havia sido um dos quatro brasileiros escolhidos naquele ano, e todos nós acreditávamos, ingenuamente, que o difícil fora ter entrado em Harvard, e que o mestrado em si seria sopa. Ledo engano.
Tínhamos de resolver naquela noite três estudos de caso de oitenta páginas cada um. O estudo de caso era uma novidade para mim. Lá não há aulas de inauguração, na qual o professor diz quem ele é e o que ensinará durante o ano, matando assim o primeiro dia de aula. Essas informações podem ser dadas antes. Aliás, a carta em que me avisaram que fora aceito como aluno veio acompanhada de dois livros para ser lidos antes do início das aulas.
O primeiro caso a ser resolvido naquela noite era de marketing, em que a empresa gastava boas somas em propaganda, mas as vendas caíam ano após ano. Havia comentários detalhados de cada diretor da companhia, um culpando o outro, e o caso terminava com uma análise do presidente sobre a situação.
O caso terminava ali, e ponto final. Foi quando percebi que estava faltando algo. Algo que nunca tinha me ocorrido nos dezoito anos de estudos no Brasil. Não havia nenhuma pergunta do professor a responder. O que nós teríamos de fazer com aquele amontoado de palavras? Eu, como meus outros colegas brasileiros, esperava perguntas do tipo "Deve o presidente mudar de agência de propaganda ou demitir seu diretor de marketing?". Afinal, estávamos todos acostumados com testes de vestibular e perguntas do tipo "Quem descobriu o Brasil?".
Harvard queria justamente o contrário. Queria que nós descobríssemos as perguntas que precisam ser respondidas ao longo da vida.
Uma reviravolta e tanto. Eu estava acostumado a professores que insistiam em que decorássemos as perguntas que provavelmente iriam cair no vestibular.
Adorei esse novo método de ensino, e quando voltei para dar aulas na Universidade de São Paulo, trinta anos atrás, acabei implantando o método de estudo de casos em minhas aulas. Para minha surpresa, a reação da classe foi a pior possível.
"Professor, qual é a pergunta?", perguntavam-me. E, quando eu respondia que essa era justamente a primeira pergunta a que teriam de responder, a revolta era geral: "Como vamos resolver uma questão que não foi sequer formulada?".
Temos um ensino no Brasil voltado para perguntas prontas e definidas, por uma razão muito simples: é mais fácil para o aluno e também para o professor. O professor é visto como um sábio, um intelectual, alguém que tem solução para tudo. E os alunos, por comodismo, querem ter as perguntas feitas, como no vestibular.
Nossos alunos estão sendo levados a uma falsa consciência, o mito de que todas as questões do mundo já foram formuladas e solucionadas. O objetivo das aulas passa a ser apresentá-las, e a obrigação dos alunos é repeti-las na prova final.
Em seu primeiro dia de trabalho você vai descobrir que seu patrão não lhe perguntará quem descobriu o Brasil e não lhe pagará um salário por isso no fim do mês. Nem vai lhe pedir para resolver "4/2 = ?". Em toda a minha vida profissional nunca encontrei um quadrado perfeito, muito menos uma divisão perfeita, os números da vida sempre terminam com longas casas decimais.
Seu patrão vai querer saber de você quais são os problemas que precisam ser resolvidos em sua área. Bons administradores são aqueles que fazem as melhores perguntas, e não os que repetem suas melhores aulas.
Uma famosa professora de filosofia me disse recentemente que não existem mais perguntas a ser feitas, depois de Aristóteles e Platão. Talvez por isso não encontramos solução para os inúmeros problemas brasileiros de hoje. O maior erro que se pode cometer na vida é procurar soluções certas para os problemas errados.
Em minha experiência e na da maioria das pessoas que trabalham no dia-a-dia, uma vez definido qual é o verdadeiro problema, o que não é fácil, a solução não demora muito a ser encontrada.
Se você pretende ser útil na vida, aprenda a fazer boas perguntas mais do que sair arrogantemente ditando respostas. Se você ainda é um estudante, lembre-se de que não são as respostas que são importantes na vida, são as perguntas.
Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br) Editora Abril, Revista Veja, edição 1898, ano 38, nº 13, 30 de março de 2005, página 18